segunda-feira, 23 de abril de 2012


Empreendedorismo: Uma saída e um desafio para a Fisioterapia

            Há algum tempo fiz uma viagem, onde tive a oportunidade de conhecer um grupo composto por 4 jovens que começavam a empreender um negócio na Fisioterapia, nascido de um sonho conjunto.
Contaram-me a ideia que tiveram e como estavam preparando-se para essa empreitada.   Durante nossa conversa, relataram-me que buscaram informações e aconselhamentos com profissionais mais experientes. Um deles procurou ressaltar os pontos negativos e de certa forma desestimulá-los, enquanto outro forneceu orientações e apontou estratégias para prosseguirem com seu planejamento, tentando transformar um mero sonho em uma meta possível.
            O mais legal dessa “rapaziada” é que eles estavam fazendo tudo certo. Visitando serviços de sucesso, estabelecidos em outros estados, buscando a assistência de profissionais especializados para montar o projeto do negócio, além de participar de cursos promovidos por entidades de fomento a novos negócios.
            Outra coisa que chamou bastante a atenção é que cada um apresentava competências especificas, fato que os diferenciava e os tornava mais forte como grupo. Um já apresentava capacitação na área de interesse, outro detinha competência para lidar com os aspectos burocráticos e financeiros, um terceiro apresentava-se como um negociador em potencial, além da relevante rede de contatos profissionais do quarto membro do grupo. Além de tudo isso, a meu ver, eles possuíam o elemento mais importante para quem deseja empreender: foco.

 Por que tantos negócios ligados a Fisioterapia fracassam ou se mantêm de forma muito tímida?
            Existem várias possíveis respostas para essa pergunta, as quais abrangem desde a estrutura de mercado até as relações sociais, como apresentado pelos autores Daniel Jardim Pardini, Márcio Meira Brandão e Gustavo Quiroga Souki, no artigo intitulado COMPETÊNCIAS EMPREEDEDORAS E SISTEMA DE RELAÇÕES SOCIAIS: A DIÂMICA DOS COSTRUTOS A DECISÃO DE EMPREEDEDORRES NOS SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA, apresentado por ocasião do XXXI EnANPAD, realizado no Rio de Janeiro em 2007.
            Mas vamos destacar alguns: falta de competência na gestão, pouca informação sobre o mercado, pouca capacidade de empreender para assumir riscos e visualizar soluções para necessidades de um determinado público-alvo, além da falta de planejamento. Esses pontos podem ser corrigidos ou atenuados por meio de consultoria, estudando e analisando o mercado, pesquisando. No entanto, existe um problema cuja resolutividade depende do próprio empreendedor: a falta de comprometimento com o empreendimento.
            Muitas vezes, por não se tratar da sua principal fonte de receita, o empreendedor relega seu negócio a segundo plano, dedicando-se em demasia às atividades paralelas. O que percebo é que muitas vezes os profissionais têm uma série de atividades, dedicando-se muito bem a elas, mas quando são solicitados a atuar no seu próprio empreendimento, deixam muito a desejar.
            Certas vezes, até a cobrança familiar é seletiva: se o profissional estiver em uma ação de um negócio de terceiro, aceita-se a ausência do familiar de forma mais natural, no entanto, se a ausência das atividades familiares for por conta do seu próprio empreendimento a família não perdoa, a cobrança é violenta. Presenciei um exemplo disso no passado, envolvendo um casal amigo: A esposa perguntou: “se você encabeça o negócio, por que você precisa ir?”, felizmente o marido respondeu: “exatamente porque encabeço o negócio!”. Talvez por pensar assim ele hoje está muito bem posicionado no mercado de trabalho, enquanto escrevo esse post as pressas, ele tem uma secretária para digitar os textos ditados por ele.
            Curiosamente, quando olhamos os bons e poucos exemplos de empreendimentos em Fisioterapia que deram certo, falo dos que têm rentabilidade e são capazes de gerar valor para seus proprietários, verificamos que são exatamente aqueles negócios onde os empreendedores “mergulharam de cabeça”.
            Se pudesse dar um conselho aos 4 jovens diria: Não se assustem como os vários exemplos de negócios mal sucedidos, utilizem-nos como referência para correção de possíveis erros, melhorem as estatísticas dos exemplos de sucesso. Entrem de cabeça!!!


Cônicas de um Fisioterapeuta.
Post semanal 
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