domingo, 8 de abril de 2012


Por que insistimos em ser o problema e não a solução?

Essa semana, durante um almoço bastante agradável com amigos começamos a debater a nossa situação frente ao mercado de trabalho, dentro de nossos serviços e na sociedade.

Conversa vai, conversa vem, um amigo faz algumas colocações a cerca do que nós queremos ser enquanto profissionais e comenta: “Por que o médico pode trocar plantão à vontade? Por que ele não paga estacionamento no seu local de trabalho? Por que ele tem vários privilégios frente a outros profissionais de saúde?” Logo em seguida, ele arremata: “Porque para os hospitais, os médicos são clientes e não funcionários. Alguns irão dizer que é uma questão de oferta e demanda, mas não é só isso. Os médicos atuam como clientes internando seus pacientes nas dependências do hospital, gerando exames, além de outros tantos serviços que trazem receitas e resultados.”
E nós? O que geramos de valor? Temos instrumental para mensurá-lo? Se não geramos receitas, reduzimos custos? Certa vez, em sala de aula, um renomado professor afirmou que, para nossa sorte, somos “muito baratos”, permitindo aos hospitais manter-nos como um serviço “complementar” para os pacientes.
Quando deixamos de atender nossos pacientes, quando montamos os chamados “esquemas” para burlar as escalas, quando não geramos resultados positivos, afirmamos que isso se dá pela baixa remuneração. No entanto eu pergunto: Quanto você acha que merece ganhar?! Qual o tipo de reconhecimento profissional que espera?! Não pense no reconhecimento advindo da equipe multidisciplinar do seu serviço, dos seus colegas de profissão ou da sociedade em geral, mas no autorreconhecimento! Faça um exame de consciência, você não precisará falar para ninguém. Quanto você pagaria a você mesmo pela sua atuação como profissional? Essa é a pergunta!!!
Aproveitando, faça outra análise: Quando há um problema em seu serviço, você pensa em soluções e as expõe, ou omite-se? Você observa nessa situação uma oportunidade para obter uma solução apenas para o “seu” problema? Apenas para você? Ou visa melhorias para coletividade?
Certa vez, durante um curso que realizei, o professor dizia: “As pessoas pagam, mas pagam para ser felizes” e sentenciava: “Ninguém quer pagar para ter problemas, mas sim para obter soluções.” Isso pode parecer piegas, mas você paga seu plano de saúde suplementar para ter dor de cabeça? Paga ao lava jato para ser aborrecer? Vai a um restaurante para ficar chateado? Podem até ocorrer acidentes de consumo, mas você paga para obter soluções, independentemente do valor pago.
            O ideal seria que nós gerássemos valor, ou seja, solução para os clientes dos nossos clientes, como afirma o autor José Carlos Teixeira Moreira. Nossos primeiros clientes são os médicos e as unidades hospitalares, pois são eles que na maioria das vezes encaminham-nos os pacientes.
            Lembram do famoso professor citado do terceiro parágrafo? Ele também citou um case de como gerar valor para o cliente do cliente, de um serviço coordenado por ele em um grande hospital de outra região do país. Um fisioterapeuta detinha know how em uma determinada técnica e resolveu aplicá-la em pacientes bem selecionados, além de prover assistência aos acompanhantes dos pacientes de forma gratuita e com agendamento prévio. Como estratégias para promover esses serviços extras, diversas ações de marketing foram desenvolvidas (caminhadas, atendimentos em grupos, desenvolvimento de folhetos explicativos, etc).
            Ao final de três meses, o que tinha começado de forma tímida, envolvendo poucas pessoas, passou a contar com vários participantes, obteve patrocínio do restaurante do hospital, elevou a percepção de qualidade do hospital por parte dos familiares e acompanhantes, gerou uma nova fonte de receita para a instituição, a qual passou a cobrar das operadoras de saúde pelas técnicas utilizadas com os pacientes, enalteceu a imagem do Serviço de Fisioterapia, originou uma demanda de pacientes particulares para esse profissional, contribuindo para a garantia de sua empregabilidade.
            Pense nisso: Por que ser um problema se podemos gerar soluções?

Crônicas de um fisioterapeuta
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