Empreendedorismo: Uma saída e um desafio para a
Fisioterapia
Há
algum tempo fiz uma viagem, onde tive a oportunidade de conhecer um grupo composto
por 4 jovens que começavam a empreender um negócio na Fisioterapia, nascido de
um sonho conjunto.
Contaram-me a ideia que tiveram e como
estavam preparando-se para essa empreitada. Durante
nossa conversa, relataram-me que buscaram informações e aconselhamentos com profissionais
mais experientes. Um deles procurou ressaltar os pontos negativos e de certa
forma desestimulá-los, enquanto outro forneceu orientações e apontou
estratégias para prosseguirem com seu planejamento, tentando transformar um
mero sonho em uma meta possível.
O
mais legal dessa “rapaziada” é que eles estavam fazendo tudo certo. Visitando
serviços de sucesso, estabelecidos em outros estados, buscando a assistência de
profissionais especializados para montar o projeto do negócio, além de
participar de cursos promovidos por entidades de fomento a novos negócios.
Outra
coisa que chamou bastante a atenção é que cada um apresentava competências
especificas, fato que os diferenciava e os tornava mais forte como grupo. Um já
apresentava capacitação na área de interesse, outro detinha competência para
lidar com os aspectos burocráticos e financeiros, um terceiro apresentava-se
como um negociador em potencial, além da relevante rede de contatos
profissionais do quarto membro do grupo. Além de tudo isso, a meu ver, eles
possuíam o elemento mais importante para quem deseja empreender: foco.
Por que tantos negócios ligados a Fisioterapia
fracassam ou se mantêm de forma muito tímida?
Existem várias possíveis
respostas para essa pergunta, as quais abrangem desde a estrutura de mercado
até as relações sociais, como apresentado pelos autores Daniel Jardim Pardini,
Márcio Meira Brandão e Gustavo Quiroga Souki, no artigo intitulado COMPETÊNCIAS
EMPREEDEDORAS E SISTEMA DE RELAÇÕES SOCIAIS: A DIÂMICA DOS COSTRUTOS A DECISÃO
DE EMPREEDEDORRES NOS SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA, apresentado por ocasião do XXXI
EnANPAD, realizado no Rio de Janeiro em 2007.
Mas
vamos destacar alguns: falta de competência na gestão, pouca informação sobre o
mercado, pouca capacidade de empreender para assumir riscos e visualizar
soluções para necessidades de um determinado público-alvo, além da falta de
planejamento. Esses pontos podem ser corrigidos ou atenuados por meio de
consultoria, estudando e analisando o mercado, pesquisando. No entanto, existe
um problema cuja resolutividade depende do próprio empreendedor: a falta de comprometimento com o
empreendimento.
Muitas
vezes, por não se tratar da sua principal fonte de receita, o empreendedor relega
seu negócio a segundo plano, dedicando-se em demasia às atividades paralelas. O
que percebo é que muitas vezes os profissionais têm uma série de atividades,
dedicando-se muito bem a elas, mas quando são solicitados a atuar no seu próprio
empreendimento, deixam muito a desejar.
Certas
vezes, até a cobrança familiar é seletiva: se o profissional estiver em uma
ação de um negócio de terceiro, aceita-se a ausência do familiar de forma mais
natural, no entanto, se a ausência das atividades familiares for por conta do
seu próprio empreendimento a família não perdoa, a cobrança é violenta. Presenciei
um exemplo disso no passado, envolvendo um casal amigo: A esposa perguntou: “se
você encabeça o negócio, por que você precisa ir?”, felizmente o marido
respondeu: “exatamente porque encabeço o negócio!”. Talvez por pensar assim ele
hoje está muito bem posicionado no mercado de trabalho, enquanto escrevo esse post as pressas, ele tem uma secretária
para digitar os textos ditados por ele.
Curiosamente,
quando olhamos os bons e poucos exemplos de empreendimentos em Fisioterapia que
deram certo, falo dos que têm rentabilidade e são capazes de gerar valor para
seus proprietários, verificamos que são exatamente aqueles negócios onde os
empreendedores “mergulharam de cabeça”.
Se
pudesse dar um conselho aos 4 jovens diria: Não se assustem como os vários exemplos
de negócios mal sucedidos, utilizem-nos como referência para correção de
possíveis erros, melhorem as estatísticas dos exemplos de sucesso. Entrem de
cabeça!!!
Cônicas de um Fisioterapeuta.
Post semanal
Comentários cronicafisio@gmail.com
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