Por que insistimos
em ser o problema e não a solução?
Essa semana, durante um almoço bastante agradável
com amigos começamos a debater a nossa situação frente ao mercado de trabalho, dentro
de nossos serviços e na sociedade.
Conversa vai, conversa vem, um amigo faz algumas
colocações a cerca do que nós queremos ser enquanto profissionais e comenta: “Por
que o médico pode trocar plantão à vontade? Por que ele não paga estacionamento
no seu local de trabalho? Por que ele tem vários privilégios frente a outros
profissionais de saúde?” Logo em seguida, ele arremata: “Porque para os
hospitais, os médicos são clientes e não funcionários. Alguns irão dizer que é
uma questão de oferta e demanda, mas não é só isso. Os médicos atuam como clientes
internando seus pacientes nas dependências do hospital, gerando exames, além de
outros tantos serviços que trazem receitas e resultados.”
E nós? O que geramos de valor? Temos instrumental
para mensurá-lo? Se não geramos receitas, reduzimos custos? Certa vez, em sala
de aula, um renomado professor afirmou que, para nossa sorte, somos “muito
baratos”, permitindo aos hospitais manter-nos como um serviço “complementar”
para os pacientes.
Quando deixamos de atender nossos pacientes,
quando montamos os chamados “esquemas” para burlar as escalas, quando não geramos
resultados positivos, afirmamos que isso se dá pela baixa remuneração. No
entanto eu pergunto: Quanto você acha que merece ganhar?! Qual o tipo de reconhecimento
profissional que espera?! Não pense no reconhecimento advindo da equipe multidisciplinar
do seu serviço, dos seus colegas de profissão ou da sociedade em geral, mas no
autorreconhecimento! Faça um exame de consciência, você não precisará falar
para ninguém. Quanto você pagaria a você mesmo pela sua atuação como
profissional? Essa é a pergunta!!!
Aproveitando, faça outra análise: Quando há um
problema em seu serviço, você pensa em soluções e as expõe, ou omite-se? Você
observa nessa situação uma oportunidade para obter uma solução apenas para o
“seu” problema? Apenas para você? Ou visa melhorias para coletividade?
Certa vez, durante um curso que realizei, o
professor dizia: “As pessoas pagam, mas pagam para ser felizes” e sentenciava:
“Ninguém quer pagar para ter problemas, mas sim para obter soluções.” Isso pode
parecer piegas, mas você paga seu plano de saúde suplementar para ter dor de
cabeça? Paga ao lava jato para ser aborrecer? Vai a um restaurante para ficar
chateado? Podem até ocorrer acidentes de consumo, mas você paga para obter
soluções, independentemente do valor pago.
O
ideal seria que nós gerássemos valor, ou seja, solução para os clientes dos
nossos clientes, como afirma o autor José Carlos Teixeira Moreira. Nossos
primeiros clientes são os médicos e as unidades hospitalares, pois são eles que
na maioria das vezes encaminham-nos os pacientes.
Lembram
do famoso professor citado do terceiro parágrafo? Ele também citou um case de como gerar valor para o cliente
do cliente, de um serviço coordenado por ele em um grande hospital de outra
região do país. Um fisioterapeuta detinha know
how em uma determinada técnica e resolveu
aplicá-la em pacientes bem selecionados, além de prover assistência aos
acompanhantes dos pacientes de forma gratuita e com agendamento prévio. Como
estratégias para promover esses serviços extras, diversas ações de marketing
foram desenvolvidas (caminhadas, atendimentos em grupos, desenvolvimento de
folhetos explicativos, etc).
Ao
final de três meses, o que tinha começado de forma tímida, envolvendo poucas
pessoas, passou a contar com vários participantes, obteve patrocínio do
restaurante do hospital, elevou a percepção de qualidade do hospital por parte
dos familiares e acompanhantes, gerou uma nova fonte de receita para a
instituição, a qual passou a cobrar das operadoras de saúde pelas técnicas utilizadas
com os pacientes, enalteceu a imagem do Serviço de Fisioterapia, originou uma
demanda de pacientes particulares para esse profissional, contribuindo para a
garantia de sua empregabilidade.
Pense
nisso: Por que ser um problema se podemos gerar soluções?
Crônicas de um fisioterapeuta
Post semanal
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