sexta-feira, 9 de março de 2012

A tal da “gestão” – Ser estratégico ou tático

“E essa fisioterapia que ninguém sabe o resultado dela para a empresa, uma vez que quase nada é avaliado e/ou quantificado”. Essa foi parte do discurso de um membro da diretoria de uma empresa prestadora de serviços de saúde durante uma reunião com as equipes. Essa rajada foi direcionada a um colega que tinha acabado de assumir o serviço um dia antes.  Na hora ele ficou meio chocado, mas com o passar do tempo, foi estudar, aprimorar-se e capacitar sua equipe para os desafios. A partir daí, ele começou a perceber que o que tinha sido falado na reunião não era pessoal, e que de certa forma, a bronca fazia todo sentido.
No serviço onde atuo como gestor contrataram uma consultoria. Fui apresentado ao consultor, o qual disparou a seguinte pergunta: “Você e sua equipe são estratégicos ou táticos”? Ele já sabia a resposta, apenas queria me testar. Daí pensei: “Eu, e a equipe, táticos? Que nada! Somos estratégicos!!! Afinal, estratégico é muito mais bacana”. O consultor deu um sorrisinho irônico e saiu.
Paralelamente, em outro serviço que trabalho como fisioterapeuta assistencialista vagou a coordenação do serviço e confesso que fiquei interessado em assumir o cargo, mas, escolheram outra pessoa, fato esse que me deixou algo abalado, mas tudo bem, segui em frente.
Ela (a pessoa que assumiu o serviço) começou a implantar um monte de coisas que nós não tínhamos costume, tais como a verificação do tempo médio necessário para obtenção da recuperação dos pacientes; começou a sedimentar a idéia de que o paciente não era simplesmente um paciente, e sim um cliente; Enfatizou a necessidade de atenção às questões burocráticas e a sua relevância. Criou planilhas, instituiu a análise gráfica de variáveis, estabeleceu indicadores de qualidade, enquanto eu ficava pensando: “Para que tudo isso”?
Com o passar do tempo, ela passou a fazer parte das reuniões de diretoria, situação antes restrita aos coordenadores médicos e por solicitação da diretoria, seus modelos de relatórios, tabelas e indicadores passaram a ser utilizados por outros grupos de profissionais da instituição.
Certa vez surgiu uma oportunidade e resolvi perguntar à minha coordenadora se nós éramos estratégicos ou táticos. Fiz isso para testá-la e ela saiu com a seguinte resposta: “O que estou fazendo junto com vocês é deixar de ser o menino ou a moça que faz apenas um procedimento de rotina só por fazer, promovendo ou não ganho para o paciente/cliente, para sermos uma equipe que promove rentabilidade e ganho operacional para empresa. Isso é ser tático”.
E continuou: “Elaboro junto com a equipe, tabelas, gráficos, índices e faço pesquisas para apresentar o resultado do serviço em termos de melhora para o paciente e melhora nos processos. Devemos lembrar que o que não é medido não pode ser gerenciado. Provar através de números quando precisamos ampliar nosso quadro funcional , adquirir novos equipamentos, participar das comissões da Diretoria e influenciar nas decisões a cerca dos rumos da organização é ser estratégico”.
Aprendi muito com ela e desenvolvi os mesmos programas de gestão e óbvio, adaptei à realidade do serviço que coordeno. Trata-se do que o pessoal de gestão chama de benchmark, processo de comparação e adaptação de boas práticas em processos e gestão. Resolvi especializar-me na área e agora quando alguém me pergunta se sou estratégico ou tático, respondo sem titubear: “Estratégico”!!!

Crônicas de um Fisioterapeuta.
Post semanal

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